Creep-feeding é a estratégia de fornecer suplemento para bezerros em fase de aleitamento em um local onde a vaca não tem acesso. Geralmente utilizado a partir dos 3 meses de idade até a desmama.
Conheça as vantagens:
Resposta a utilização de creep:
Suplementos proteicos fornecem as melhores respostas em desempenho e utilização de nutrientes. As respostas máximas no ganho de peso suplementar são alcançadas quando bezerros são alimentados por creep na quantidade de 7,6 g /kg de peso corporal contendo 225 gramas proteína bruta/kg de matéria seca, e bezerras na quantidade de 5,5 g/kg de peso corporal contendo 224 gramas de proteína bruta/kg de matéria seca.
Ganhos adicionais:
Machos: 0,200 kg/dia
Fêmeas: 0,100 kg/dia
Figura 1. Relação entre a consumo diário de suplemento e ganho de peso adicional de acordo com o sexo do bezerro (Adaptado de Carvalho et al., 2019).
Em condições tropicais, após os três meses de idade, o leite não é suficiente para atender às necessidades dos bezerros (Henriques et al., 2011; Costa e Silva et al., 2015, 2016). Assim, as dietas dos bezerros dependem cada vez mais da pastagem e no Brasil central, juntamente com a queda de produção de leite da vaca (Henriques et al., 2011; Costa e Silva et al., 2015), ocorre a diminuição do valor nutritivo das pastagens devido a época do ano (transição águas/secas), enquanto as necessidades de proteína e energia dos bezerros aumentam (Fonseca et al., 2012).
De acordo com Costa e Silva et al. (2016), considera-se a energia e a proteína como os nutrientes mais limitantes para o desenvolvimento do bezerro a partir da 12ª semana de vida, ou seja, por volta dos 84 dias de idade, o leite não fornece toda a energia necessária para ganho médio diário (GMD) de 1 kg. Por outro lado, a proteína torna-se o limitante por volta de 140 dias de vida do bezerro, o que seria em torno de 70 a 100 dias antes da desmama. Portanto, para o bezerro manter o GMD em 0,9 kg até a desmama, é necessário a adoção da prática de creep-feeding a partir do terceiro mês de vida (Costa e Silva et al. 2015).
Conforme o bezerro vai se desenvolvendo a diferença entre as exigências nutricionais e a quantidade de nutrientes fornecidos pela dieta total (leite + pasto) tende a aumentar (Costa e Silva et al., 2016) limitando o potencial genético para ganho em peso do bezerro. Assim, em sistemas intensivos de produção de bovinos, onde exige maior aporte nutricional, o creep-feeding tem sido utilizado para fornecer nutrientes extras e desta forma promovendo maior ganho em peso (Valente et al., 2012, 2014; Lopes et al., 2014, 2017). O creep-feeding pode ser definido como a prática de administrar alimento adicional a bezerros em fase de aleitamento, em local cujo acesso é restrito aos bezerros (Paulino et al., 2012). Com a utilização de suplementos (proteicos e proteicos-energético) através do creep feeding o bezerro tem acesso a uma alimentação diferenciada da alimentação da vaca, com teores elevados de energia e proteína, sem interromper o consumo de leite, o que leva a maior GMD.
A utilização e suplementação via creep para bezerros diminui a ingestão de forragem em comparação a bezerros não suplementados, sem alterar a ingestão de leite (em média bezerros passam 3% do tempo ingerindo leite, Lopes et al., 2017), porém ocorre aumento na ingestão total de matéria seca (MS) pelos animais que receberam creep (Lopes et al., 2014; Carvalho et al., 2019). À medida que o nível de suplementação aumenta os bezerros diminuem o consumo de forragem (Lopes et al., 2017; Almeida et al., 2018; Carvalho et al., 2019). Segundo Carvalho et al. (2019) para cada g/kg de peso corporal (PC) de suplemento consumido ocorre a diminuição de 0,43 g/kg de PC de MS forragem. O tempo de pastejo diminui linearmente com o aumento do nível de suplementação, indicando que bezerros substituem parcialmente a forragem, mas não substituem o leite por alimentos concentrados (Lopes et al., 2017; Carvalho et al., 2019).
A utilização ou não de creep para bezerros não afeta a produção de leita da vaca (produção média de 6,75 kg/dia; Lopes et al., 2016; Carvalho et al., 2019). Indicando que a produção de leite das mães não é o fator que influencia o desempenho dos bezerros, portanto, a diferença se deve ao consumo de suplemento via creep feeding.
De acordo com Carvalho et al. (2019) o fornecimento de suplemento para bezerros via creep feeding aumenta o consumo de MS e a digestibilidade da MS e, consequentemente, aumenta o consumo de NDT (0,60 g/kg de PC para g/kg de PC de suplemento ingerido). Este efeito é resultado da maior digestibilidade dos alimentos concentrados em comparação com a forragem, que foi parcialmente substituída e, portanto, constituiu uma proporção menor nas dietas dos bezerros. Os níveis crescentes de suplemento aumentam a energia disponível para crescimento e manutenção (Carvalho et al., 2019). Portanto, o ganho adicional devido a suplementação dos bezerros via creep feeding podem ser atribuídas a melhor adequação da dieta em termos de atendimento das necessidades de proteína e energia.
Segundo Carvalho et al (2019) a resposta máxima no GMD resultou em bezerros sendo, em média, 29 kg mais pesados do que os do grupo controle (275,4 vs. 246,4 kg). Os autores encontraram os seguintes valores para ganho adicional máximo 0,2 e 0,1 kg/dia para machos e fêmeas, respectivamente, em um período de suplementação de 3 a 8 meses de idade (150 dias).
Referências
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